Marxismo e religião: ópio do povo?

A visão marxista da religião foi extremamente simplificada e identificada tipicamente com o refrão desgastado que é “o ópio dos povos.” Michael Löwy apresenta‑nos aqui, com maior detalhe, uma visão acerca do marxismo e da religião.


Será ainda a religião, tal como a viram Marx e Engels no século XIX, uma trincheira da reacção, obscurantismo e conservadorismo? Em larga medida, a resposta é afirmativa. O olhar deles aplica‑se a muitas instituições católicas, às correntes fundamentalistas das principais confissões religiosas (cristã, judaica ou muçulmana), à maioria dos grupos evangélicos e das novas seitas, algumas das quais ‑ como a conhecida Igreja Moon, não passam de engenhosas combinações de manipulações financeiras, lavagem ao cérebro e anti‑comunismo fanático.No entanto, o aparecimento de um Cristianismo revolucionário e da Teologia da Libertação na América Latina abriu um novo capítulo histórico e levanta questões novas e empolgantes às quais não podemos dar resposta sem uma renovação da análise marxista da religião, o assunto deste artigo‑Partidários e adversários do marxismo parecem concordar num ponto: a célebre frase “a religião é o ópio do povo” representa a quinta‑essência da concepção marxista do fenómeno religioso. Ora, esta fórmula nada tem de especificamente marxista. Podemos encontrá‑la, antes de Marx, com algumas nuances, em Kant, Herder, Feuerbach, Bruno Bauer e muitos outros. Tomemos dois exemplos de autores próximos de Marx.
No seu livro sobre Ludwig Borne, de 1840, Heine refere‑se ao papel narcótico da religião de forma bastante positiva ‑ com uma certa dose de ironia: “Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança”. Moses Hess, nos seus ensaios publicados na Suíça, em 1843, adopta uma posição mais crítica ‑ mas não desprovida de ambiguidade: “A religião pode tornar suportável… a consciência lastimável da servidão… do mesmo modo que o ópio é uma grande ajuda nas doenças dolorosas”.
A expressão aparecia pouco depois num artigo de Marx “Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” (1844). Uma leitura atenta do parágrafo inteiro mostra que o seu pensamento é muito mais complexo do que aquilo que se pensa habitualmente. Realmente, rejeitando totalmente a religião, Marx não toma menos em conta o seu duplo carácter: “A angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da verdadeira angústia e o protesto contra esta verdadeira angústia. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, tal como ela é o espírito de uma situação sem espiritualidade. Ela é o ópio do povo”.
Uma leitura do ensaio, no seu conjunto, mostra claramente que o ponto de vista de Marx, em 1844, deriva mais do neo‑hegelianismo de esquerda, que vê na religião a alienação da essência humana, do que da filosofia das Luzes, que a denúncia simplesmente como uma conspiração clerical (o “modelo egípcio”). De facto, quando Marx escreveu a passagem acima, era ainda um discípulo de Feuerbach, um neo‑hegeliano. A sua análise da religião era por conseguinte “pré‑marxista”, sem referência às classes sociais e sobretudo a‑histórica. Mas não era menos dialéctica, porque apreendia o carácter contraditório da “aflição” religiosa: por vezes, legitimação da sociedade existente, por vezes, protesto contra esta.
É apenas mais tarde, em particular na Ideologia alemã (1846), que o estudo propriamente marxista da religião, como realidade social e histórica, começou. O elemento central deste novo método de análise dos factos religiosos é considerá‑los ‑ juntamente com o direito, a moral, a metafísica, as ideias políticas, etc. ‑ como uma das múltiplas formas da ideologia ou seja da produção espiritual (geistige Produktion) de um povo, a produção de ideias, de representações e formas de consciência,  necessariamente condicionada pela produção material e pelas relações sociais correspondentes.
Poder‑se‑ia resumir esta diligência por uma passagem “programática” que aparece num artigo redigido alguns anos mais tarde: “é claro que qualquer perturbação histórica das condições sociais provoca ao mesmo tempo a perturbação das concepções e das representações dos homens e por conseguinte das suas representações religiosas”. Este método de análise macro‑social terá uma influência duradoura sobre a sociologia das religiões, mesmo para além do movimento marxista.
A partir de 1846, Marx prestou apenas uma atenção desatenta à religião, em tanto que tal, como universo cultural/ideológico específico. Não se encontra praticamente na sua obra nenhum estudo mais desenvolvido de um fenómeno religioso qualquer. Convencido, como o afirma no artigo de 1844, que a crítica da religião se deve transformar em crítica deste vale de lágrimas e a crítica da teologia em crítica da política, parece desviar a sua atenção do domínio religioso.

O contributo de Engels

Será talvez devido à sua educação pietista que Friedrich Engels mostrou um interesse bem mais sustentado que Marx para os fenómenos religiosos e o seu papel histórico – partilhando ao mesmo tempo, naturalmente, as opções decididamente materialistas e ateias do seu amigo. A sua principal contribuição para a sociologia marxista das religiões é sem dúvida a sua análise da relação entre as representações religiosas e as classes sociais. O cristianismo, por exemplo, não aparece nos seus escritos (como em Feuerbach) como “essência” a‑histórica, mas como uma forma cultural (“ideológica”) que se transforma durante a história e como um espaço simbólico, desafio de forças sociais antagónicas.
Graças ao seu método fundado na luta de classes, Engels compreendeu ‑ contrariamente aos filósofos das Luzes ‑ que o conflito entre materialismo e religião não se identifica sempre com aquele que existe entre revolução e reacção. Na Inglaterra, por exemplo, no século XVII, o materialismo na pessoa de Hobbes, defendeu a monarquia enquanto as seitas protestantes fizeram da religião a sua bandeira na luta revolucionária contra os Stuarts. Do mesmo modo, longe de conceber a Igreja como uma entidade social homogénea, ele esboça uma notável análise mostrando que em certas conjunturas históricas, ela se divide de acordo com as suas componentes de classe. É assim que, na época da Reforma, se tinha, por um lado, o alto clero ‑ cimeira feudal da hierarquia ‑ e do outro, o baixo clero, que fornece os ideólogos da Reforma e do movimento campesino revolucionário.
Continuando a ser ao mesmo tempo materialista, ateu e adversário irreconciliável da religião, Engels compreendia, como o jovem Marx, a dualidade de natureza deste fenómeno: o seu papel na legitimação da ordem estabelecida e, em determinadas circunstâncias sociais, o seu papel crítico, contestatário e mesmo revolucionário. Mais ainda, é este segundo aspecto que se encontrou no centro da maior parte dos seus estudos concretos. Com efeito, debruçou‑se primeiro sobre o cristianismo primitivo, religião dos pobres, excluídos, malditos, perseguidos e oprimidos. Os primeiros cristãos eram originários das últimas fileiras da sociedade: escravos, homens livres privados dos seus direitos e pequenos camponeses sobrecarregados de dívidas.
Engels chegou mesmo a estabelecer um paralelo surpreendente entre este cristianismo primitivo e o socialismo moderno. A diferença essencial entre os dois movimentos residia em que os cristãos primitivos empurravam a libertação para o além, enquanto o socialismo a colocava neste mundo. Mas esta diferença é também acentuada no que aparece à primeira vista? No seu estudo sobre um segundo grande movimento cristão ‑ a guerra dos camponeses na Alemanha – ela parece perder a sua clareza: Thomas Munzer, teólogo e líder dos camponeses revolucionários e plebeus heréticos do século XVI, queria o estabelecimento imediato do Reino de Deus, esse reino milenarista dos profetas, sobre a terra. De acordo com Engels, o Reino de Deus era para Munzer uma sociedade sem diferenças de classe, sem propriedade privada e sem autoridade do Estado independente ou estrangeiro para os membros dessa sociedade.
Pela sua análise dos fenómenos religiosos, face à luta das classes, Engels revelou o potencial contestatário da religião e abriu o caminho para uma nova abordagem das relações entre religião e sociedade, distinto ao mesmo tempo da filosofia das Luzes e do neo‑hegelianismo alemão.
A maior parte dos estudos marxistas da religião, escritos no séc. XX, limitou‑se a comentar ou a desenvolver as ideias esboçadas por Marx e Engels ou a aplicá‑las a uma realidade específica. São assim, por exemplo, os estudos históricos de Karl Kautsky sobre o cristianismo primitivo, as heresias medievais, Thomas More e Thomas Munzer.

Paraíso na terra ou nos céus?

No movimento operário europeu, eram muitos os marxistas radicalmente hostis em relação à religião, mas pensavam ao mesmo tempo que o combate do ateísmo contra a ideologia religiosa devia ser subordinado às necessidades concretas da luta de classes, que exige a unidade dos trabalhadores que crêem em Deus e dos que não crêem. O próprio Lenine ‑ que denunciava frequentemente a religião como “nevoeiro místico” ‑ insiste no seu artigo de 1905, “o socialismo e a religião” sobre o facto que o ateísmo não devia fazer parte do programa do partido porque “a unidade na luta realmente revolucionária da classe oprimida pela criação de um paraíso na terra é mais importante para nós do que a unidade da opinião proletária sobre o paraíso nos céus”.
Rosa Luxemburgo tinha a mesma opinião, mas elaborou uma diligência diferente e mais flexível. Embora ateia, ela atacou menos, nos seus escritos, a religião enquanto tal do que a política reaccionária da Igreja, em nome da tradição limpa desta. Num opúsculo de 1905, “a igreja e o socialismo”, afirmou que os socialistas modernos eram mais fiéis aos preceitos originais do cristianismo do que o clero conservador de hoje. Dado que os socialistas lutam por uma ordem social de igualdade, liberdade e fraternidade, os padres deveriam acolher favoravelmente o seu movimento, se quisessem honestamente aplicar na vida da humanidade o preceito cristão “amai o próximo, como a ti”.
Quando o clero apoia os ricos, que exploram e oprimem os pobres, ele está em contradição explícita com os ensinamentos cristãos: não serve Cristo, mas o dinheiro de um argentário. Os primeiros apóstolos do cristianismo eram comunistas apaixonados e os pais e primeiros doutores da Igreja (como Basílio, o Grande e João Crisóstomo) denunciavam a injustiça social. Hoje esta causa foi tomada em força pelo movimento socialista que traz aos pobres o Evangelho da fraternidade e da igualdade, apelando ao povo para estabelecer na terra o Reino da liberdade e do amor pelo próximo. Mais do que comprometer uma batalha filosófica, em nome do materialismo, Rosa Luxemburgo procura salvar a dimensão social da tradição cristã para a transmitir ao movimento operário.
Na Internacional comunista não se prestava muita atenção à religião. Um número significativo de cristãos juntou‑se ao movimento e o antigo pastor protestante suíço, Jules Humbert‑Droz, tornou‑se mesmo, nos anos 1920, um dos principais dirigentes do Komintern. Na época, a ideia mais espalhada nos marxistas era que um cristão que se tornasse socialista ou comunista abandonava necessariamente as suas crenças religiosas anteriores “anti‑científicas” e “idealistas”.
A maravilhosa peça de teatro de Bertold Brecht, Santa Joana dos Matadouros (1932), é um bom exemplo deste tipo de diligência simplista em relação à conversão dos cristãos para a luta pela emancipação proletária. Brecht descreve, com grande talento, o processo que conduz Joana, dirigente do exército de salvação, a descobrir a verdade sobre a exploração e a injustiça social, denunciando as suas antigas crenças, no momento de morrer. Mas, para ele, deve haver uma ruptura absoluta e total entre a sua antiga fé cristã e o seu novo credo da luta revolucionária. Exactamente antes de morrer, Joana diz aos seus amigos:
“Se por acaso alguém vier dizer baixinho,
Que existe um Deus, invisível é verdade,
Do qual, portanto podeis esperar por socorro,
Batei‑lhe o crânio na pedra,
Até que ele rebente.”
A intuição de Rosa Luxemburgo, segundo a qual se podia lutar pelo socialismo em nome dos verdadeiros valores do cristianismo original, perdeu‑se neste tipo de perspectiva “materialista” grosseira ‑ e sobretudo intolerante. Efectivamente, alguns anos depois de Brecht ter escrito esta peça, apareceu em França, entre 1936 e 1938, um movimento de cristãos revolucionários que reunia vários milhares de militantes, que apoiavam activamente o movimento operário, em especial a sua ala mais radical (os socialistas de esquerda de Marceau Pivert). A sua palavra de ordem principal era: “Somos socialistas, porque somos cristãos”…
Entre os dirigentes e pensadores do movimento comunista, Gramsci é provavelmente aquele que manifestou o maior interesse pelas questões religiosas. É também um dos primeiros marxistas a procurar compreender o papel contemporâneo da Igreja católica e o peso da cultura religiosa nas massas populares. Estas observações sobre a religião, nos seus Cadernos de prisão são fragmentárias, não‑sistemáticas e alusivas, mas no entanto muito perspicazes. A sua crítica destapada e irónica das formas conservadoras da religião ‑ nomeadamente a versão jesuítica do catolicismo, que ele detestava alegremente ‑ não o impedia de perceber também a dimensão utópica das ideias religiosas.
Os estudos de Gramsci são ricos e estimulantes, mas em última análise, não inovam no seu método de apreender a religião. Ernst Bloch é o primeiro autor marxista a ter alterado este quadro teórico ‑ sem abandonar a perspectiva marxista e revolucionária. Numa diligência similar à de Engels, distingue duas correntes sociais opostas: por um lado, a religião teocrática das igrejas oficiais, ópio do povo, aparelho de mistificação ao serviço dos poderosos; do outro, a religião clandestina, subversiva e herética dos Cátaros, Hussitas, Joaquim de Flora, Thomas Munzer, Franz von Baader, Wilhelm Weitling e Leão Tolstoi.. Nas suas formas contestatárias e rebeldes, a religião é uma das modos mais significativos da consciência utópica, uma das mais ricas expressões do princípio da esperança e uma das mais poderosas representações imaginárias do ainda‑não‑existente.
Bloch, tal como o jovem Marx da famosa citação de 1844, reconhece evidentemente o duplo carácter do fenómeno religioso, o seu aspecto opressivo, ao mesmo tempo que o seu potencial de revolta. É necessário, para apreender o primeiro, a que ele chama “a corrente fria do marxismo”: a análise materialista impiedosa das ideologias, dos ídolos e dos idólatras. Para o segundo, em contrapartida, é “a corrente quente do marxismo” que lhe é aposta, procurando salvaguardar o excesso cultural utópico da religião, a sua força crítica e antecipadora. Para lá de qualquer “diálogo”, Bloch sonhava com uma verdadeira união entre Cristianismo e revolução como aconteceu nas Guerras Camponesas do século XVI.

Fé marxista e fé religiosa

As opiniões de Bloch eram partilhadas em certa medida por alguns intelectuais alemães da ala mais radical, que ficou conhecida como a Escola de Frankfurt. Max Horkheimer afirmava que a religião seria “o registo dos desejos, nostalgias e acusações de infinitas gerações”. Erich Fromm, no seu livro “Dogma de Cristo” (1930), usou o marxismo e a psicanálise para demonstrar a essência messiânica, plebeia, igualitária e anti‑autoritária do Cristianismo primitivo. E o escritor Walter Benjamin tentou combinar numa única síntese teologia e marxismo, messianismo judeu e materialismo histórico, luta de classes e redenção.
O trabalho “O Deus Escondido” (1955) de Lucien Goldmann é outra tentativa de abrir caminho na renovação dos estudos marxistas sobre a religião. Embora de inspiração diferente da de Bloch, ele estava igualmente interessado em resgatar os valores moral e humano da tradição religiosa. A parte mais original e surpreendente do seu livro é quando ele tenta comparar (sem no entanto assimilá‑los) a fé religiosa com a fé marxista: ambas partilham da recusa do individualismo (racional ou empírico) e a crença em valores trans‑individuais: Deus para a religião; a comunidade humana para o socialismo. Nos dois casos a fé assenta numa aposta ‑ a aposta na existência de Deus e a aposta marxista na libertação humana pressupõe o risco, o perigo de fracassar e a esperança do sucesso. Ambas implicam uma crença fundamental que não é demonstrável exclusivamente ao nível dos argumentos factuais.
O que as separa é certamente o caráter suprahistórico da transcendência religiosa: “A fé marxista é a fé no futuro histórico construído pelos próprios seres humanos, ou melhor, que devemos fazer, através da nossa actividade, uma “aposta”  no sucesso das nossas acções; a transcendência que é o objecto desta fé não é nem sobrenatural nem transhistórica, mas sim supra‑individual, nada mais e nada menos.” Sem querer de alguma maneira “cristianizar o marxismo”, Lucien Golmann introduziu, graças ao conceito de fé, um novo olhar para a relação conflitiva entre a crença religiosa e o ateísmo marxista.
Marx e Engels pensavam que o papel subversivo da religião era um fenómeno do passado, sem significado para a época da luta de classes moderna. Esta previsão revelou‑se exacta historicamente durante um século ‑ com algumas importantes excepções, nomeadamente em França, onde se conheceram os socialistas cristãos dos anos 1930, os padres operários dos anos 1940, a esquerda dos sindicatos cristãos (CFTC) nos anos 1950, etc. Mas, para compreender o que se passa, desde há trinta anos na América Latina ‑ a teologia da libertação, os cristãos pelo socialismo ‑ é necessário ter em conta as intuições de Bloch e Goldmann sobre o potencial utópico das tradições religiosas judaico‑cristãs.
O que infelizmente faz falta nestes debates marxistas “classicos” acerca da religião é a discussão das implicações da doutrina e práticas religiosas em relação às mulheres. O patriarcado, o tratamento discriminatório das mulheres e a negação dos direitos reprodutivos prevalecem nas principais correntes religiosas ‑ em particular no Judaísmo, Cristianismo e Islão ‑ e apresentamformas particularmente opressoras nas respectivas facções fundamentalistas. De facto, um dos critérios‑chave para avaliar o carácter progressivo ou regressivo dos movimentos religiosos é a sua atitude em relação às mulheres, e em especial ao seu direito de controlar os seus corpos: divórcio, contracepção ou aborto. Uma análise marxista renovada das religiões no século XXI obriga‑nos a colocar o tema dos direitos das mulheres no centro da análise.

* Michael Löwy é membro da Liga Comunista Revolucionária (LCR) em França e director de pesquisa em sociologia no CNRS (National Center for Scientific Research) em Paris, é autor de muitos livros, entre os quais: “The Marxism of Che Guevara”, “Marxism and Liberation Theology”, “Fatherland or Mother Earth?” e “The War of Gods: Religion and Politics in Latin America”.

Tradução de António José André.